sábado, 21 de junho de 2014

A Candy

                                                       Histórias Vividas
                                                       A Candy
Quem diz que os animais não falam?
Quem duvida que tenham sentimentos?
Apenas aqueles que não tiveram oportunidade de conviver, no dia a dia, com um!
A minha Candy era mais uma "pessoa" inserida no meu agregado familiar, chegando ao ponto do meu genro quando me falava perguntar:
- Está tudo bem sogrinha? E a minha "cunhada"?
Tinha um sofá só dela, tanto em Lisboa como na Carregueira. À janela para cuscar.
O melhor lugar à lareira era dela. E como ela gostava do quentinho!!!
Apareceu lá em casa ao colo dos meus filhos dizendo que a tinham encontrado, num buraco, na Serra de Sintra. Mentirosos.
O certo é que conseguiram ter um cão, com a ajuda dum amigo veterinário:
   -Passó, ela não vai crescer muito! Mentiroso.
Era uma bola de pelo fofinho, cor de mel no dorso, branco  no peito, preto no focinho e na ponta da cauda. Muito pequenininha.
 Uma hora antes de chegar a casa, já os meus filhos sabiam que eu lá vinha. Mesmo que não fosse a hora habitual.Quando tocavam a campainha, ainda que fosse na rua, cinco andares abaixo, se era gente de casa, aí vinha ela  com a pata e a falar a língua dela para que lhe abríssemos a porta. Não desistia até que isso acontecesse. No patamar, sentada, esperava que o elevador chegasse. Que alegria era! Se fosse gente estranha ladrava desalmadamente.
 Quando a Cláudia casou começou a ficar muito triste, apática, deixou de comer, de beber... tivemos que a levar ao veterinário que depois de a examinar, não encontrando nenhuma razão para o seu estado perguntou:
 - Desde quando esta menina está assim?
Olhando um para o outro, responde o Sérgio:
 - Desde o casamento da Cláudia.
 A nossa bichinha fez uma depressão! Foi medicada com químicos e com doses duplas de carinho.
 Prevendo o que iria acontecer com a chegada do Guilherme, meu neto, comprámos  uma boneca, a Matilde. Não tenho palavras, foi fascinante o seu comportamento. A boneca dizia, entre outras palavras, mãe... palavra que ela conhecia perfeitamente:
 - Vai pedir à mãe!
 - Anda cá à mãe!
 Finalmente o Guilherme chegou para alegria de todos mas...
 Ela até gostava dele, se chorava, muito diligente lá vinha ela " dizer-me" como se eu não tivesse ouvido.
Partilhavam a manta, no chão, enquanto o lambia ele fazia-lhe festinhas, partilhavam o sofá mas partilhar o colo? Ela não achava nenhuma graça!
Um dia de rabugice do Guilherme, coisa rara, em que queria colinho ambulante, foi "dramático"!!!
Conseguindo acalmá-lo, sentei-me no sofá dela, com ele no colo e pasme-se...
 A Candy deitou-se ao nosso lado, no chão, sossegadinha e com uma das patas, olhando para nós, abraçou-se à minha perna. Fiquei enternecida com mais essa prova de cumplicidade.
  Entre todas as suas capacidades de inter agir, chegando a ser a minha tábua de salvação, destaco a de despertador! Sem falhar um minuto, durante toda a sua vida, acordava-me na hora certa...
 Morreu aos 15 anos (correspondente a 76 no homem) de AVC, deixando muitas saudades em todos os que a conheceram.
 (Passó)


 


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